quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

E certa vez, lembro-me, apoiados os dois braços no parapeito da janela, os olhos perdidos nos campos, suspirei: é verde demais, meu Deus. Houvesse corrido os olhos mais um tanto, para me deparar com aqueles cabelos que escapoliam às tranças da rede, teria entendido: são cores demais. São todas as cores, e mais. Nunca mais a vi deitada com tamanha tranquilidade, como não vi pássaros voarem tão perto, e flores brotarem tão flores.
Pensei, não muito, em pedir que ela se virasse. Um sorriso, quem sabe. Não o fiz, e sei que não deveria tê-lo feito, mil vezes tivesse a vontade. Silenciosamente eu soube que as coisas das mais lindas, das mais sinceras, devem ser fotografadas pelos olhos em segredo. E fiquei ali paralisado na minha janela, de onde eu só podia verde.

domingo, 31 de outubro de 2010

A mesa virada serviu, por sorte, como esconderijo , pelo menos por aquela noite. As incontáveis batalhas haviam acabado com suas forças, mas teria agora tempo de reorganizar-se. Parecia ser a última, talvez a definitiva, precisava estar pronto. Certificou-se da munição que lhe restava e rapidamente olhou por cima de uma das gavetas embutidas na mesa para ter certeza de que o adversário ainda estava lá. Restavam-lhe uma caneta, para alívio, verde, algumas folhas de papel e muitos cadernos velhos. No canto, se esticasse um pouco a mão, poderia também alcançar alguns chocolates, canções ao pé do ouvido, flores arrancadas de residências desconhecidas, mãos apertadas no meio da noite, e um frasco de fidelidade intacto. Não tinha do que reclamar.
Demorou para decidir se esperaria o cair definitivo da madrugada ou começaria seus ataques desde então. Foi ai que lhe ocorreu. Lembrou-se da razão pela qual a guerra começara dessa vez. Se olhasse bem, veria que os poemas, as flores, a mesa, ele próprio, estavam ali, virados, por conta de um último ataque dos desamantes. Lhe disseram que era muito. Eram demais os poemas, era demais o perfume, era demais o cuidado. Entenderam que tratava-se de um mal,  um péssimo soldado, e lhe puseram para fora do exército do comum. Andava rápido demais. Desde então, depois desse erro, talvez fatal, tentara arrumar-se com suas próprias armas para sobreviver aos inúmeros confrontos com a realidade, essa implacável. 
Porque achou ser a hora certa ou porque, de fato, não sabia esperar, apontou suas bazucas de poesia em, sem mais, deu início aos ataques. E foi assim, havia balas de Drummond, granadas de Neruda, campos minados de Gil. Por muitas horas, trocaram diferenças: a realidade lhe mostrava com golpes cada vez mais duros que estava errado novamente, que deveria recuar, desistir. Ele, com o seu resistente colete de Utopia, confrontava qualquer verdade, qualquer certeza, com o argumento do sonho. Há quem diga, sem muita certeza, que foi uma das batalhas mais longas que já se viu. O ardor que o rapaz trazia nos olhos, misturando-se no ar com aquelas fagulhas de Quintana, convenceriam qualquer um de que estava disposto a vencer. Dizem que o som que saía da explosão das armas eram canções de Chico Buarque, todas de amor.
Aos poucos, a mesa foi desfazendo-se junto com o colete. Munido ainda de largas quantidades de sonho, sacou sua pistola de Vinícius, a que julgava mais potente, e sem tomar conhecimento de tudo o que era avesso, invadiu as trincheiras da realidade disposto a acabar com tudo o que a ela pertencesse. 
Dizem os menos sensatos que ele teria conseguido. Não viu que todo o exército já atirava doses muito largas de desencantos, não viu que a luta tornava-se cada vez mais desigual, via apenas que com a sua pistola, seria capaz de dominar o mundo. Teria, eu repito, derrotado todo um exército, talvez mais dez, se não tivesse encontrado aqueles olhos no meio da confusão. Ela estava vestida com a mesma farda da realidade, e usava relógios. Ele não. O seu tempo estava marcado nas batidas da mulher amada, nas canções de Chico que a vitrola não pulava, nos olhos vidrados  de quem acabou de se apaixonar. Sentiu um frio que não pôde suportar. Havia usado com ela todas as suas armas, as melhores, mas não conseguira convencê-la a embarcar. 
Rendeu-se ao que todos chamariam de sensatez e ingressou, sendo quem sabe o último, no exército da normalidade. É bem sabido que farda não lhe cabe bem, vez em quando é pego sem os sapatos, e nunca, nunca, bate continência para os comandantes do amor normal. Ainda alguns minutos antes de entregar-se suspirou como quem soubesse que teria sido imbatível.
Na ponta de algum por-do-sol, no meio de algum oceano, o amor morreu pela terceira ou quarta vez. Desde então, a noite que era clara nessa época, que era tempo de não dormir, veste-se de preto.  Os homens, desde então, vestem gravatas, comemoram aniversários, esperam as férias, escrevem tratados. As mulheres, cansadas de esperar, nem sabem mais. 
Há quem acredite que a primeira estrela que surge a cada noite, traz consigo o sonho de todos os amores que não foram. Há quem pense que o amor fez da lua sua base e que aquilo, de jeito nenhum, poderia ser um coelho. Dizem que passa as luas crescentes e minguantes preparando seus ataques, pra na lua cheia conquistar o mundo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O estádio assistiu de olhos vidrados. Quando Augusto Pereira arrancou pela ponta esquerda, invadiu a área deixando dois zagueiros estáticos no caminho e enfiou o pé na bola com toda convicção que pôde, não houve ali quem não prendesse a respiração por dez ou quinze segundos. Geraldo não viu. Viu, aliás, que quando a bola explodiu na trave e os xingamentos se misturaram aos semblantes resignados, ela sorriu. Tinha uma Cannon 1959 nas mãos, e uns olhos com mais 1959 cores no rosto. Naquela quarta-feira, às vésperas das festas de independência, o jogo de Geraldo, persistente torcedor, se encerrou pouco depois do intervalo, de modo que nunca procurou saber do resultado depois da primeira etapa.
Eram cinco minutos do segundo tempo,  Pereira estava com a bola no ataque, quando seu olho esbarrou naquele colete amarelo, irresistivelmente atirado sobre o vestido azul-florido. Não pôde pensar em outra coisa. Não viu o gol contra de Pérez, tampouco se deu conta de que o juiz, tão distraído quanto ele próprio, não assinalara o pênalti sobre Tavárez. Mas viu muito bem que os papéis picados em azul e branco que despencavam dos setores mais altos da arquibancada, davam à dona do vestido um tom celestial.
Às vezes convém esperar. Se soubesse como, Geraldo teria saído da sua fileira 8 B, religiosamente escolhida, para ir ver mais de perto a fotógrafa. Inútil. Não soube  o que fazer. No mais, ele sabia. Sabia que em dias de jogos mais temperados, era importante munir-se das bebidas e comidas antes mesmo do apito inicial. Em dias de vitória certa, a grande questão era não perder os gols bonitos, o resto não tinha problema. Em jogos onde a derrota despontava como uma certeza dolorida, o Bar Santiago, local de se entornar mágoas, era suficiente. Sabia que naquela noite, como em todas as outras, sendo indiferente o resultado, pouco depois do fim da partida os cafés e os seus cinzeiros estariam todos lotados. Mas não sabia o que dizer à moça.
Quando o Juiz encerrou a partida nos gramados, Geraldo começou a sua na arquibancada. Avançou pela fileira B driblando todos os ambulantes que por ali se aglomeravam. Sem que pudesse ser detido, alcançou o nível A , já bem mais próximo da ala dos jornalistas, e ignorou os gritos e puxões de camisa que levou dos amigos ao longo do percurso. Como Diego Armando faria com muita perfeição anos mais tarde, teria driblado o mundo para estar ali diante daqueles cabelos mais ruivos do que loiros, mais lisos do que enrolados, mais dos seus olhos, do que dos dela. Porque se demorasse um pouco mais teria desistido, tratou de abordá-la com uma decisão que não voltou a exercitar em sua vida.
- Vamos ao Santiago ?
Logo depois de ter feito a pergunta, passaram pela sua cabeça as duas mil formas que ela arrumaria para dizer não. Achou por bem atenuar:
- É só um convite bem intencionado.
Quando a moça sorriu, talvez do seu penteado mal arranjado, talvez do convite feito com muito poucos modos, talvez do cuidado que se obrigava a ter para com as palavras, Geraldo sentiu por dentro os papeis picados se atirarem por todo lado, anunciando, senão um carnaval, um novo encanto. 
Foram por três vezes ao Santiago e mais uma ao Cervantes. As conversas que se arrastavam pelas noites, os olhares trocados, as mãos que se encontravam, envolviam cada vez mais o rapaz numa dessas molduras em mosaico que denunciam sentimentos loucos. Pelas noites que se arrastavam por semanas no pensamento dele, falavam sobre fotografia, poemas, romances, futebol, poemas- romances,  mosaicos e convites bem intencionados.
Acabava sempre abruptamente. Com ela, não havia acréscimos. Sem mais, decidia ir-se embora e deixava Geraldo a roer as unhas, a balançar as pernas, a assoviar melodias de final de tarde. Desaparecia sempre como o letreiro que se apaga no final da partida, sem deixar pistas, sem mandar lembranças. 
Não foram mais que duas semanas entre o primeiro café e o último. Mas Geraldo, acostumado aos 45 minutos do jogo onde estão guardados todos os corações e olhares atentos do mundo, sabia que o tempo dos relógio são uma mentira. Em seu coração , a vida estava medida não em segundos, mas em dribles de Diego Armando, em grandes defesas de Román, em grandes carnavais e papéis picados do amor.
Por entender que a moça não queria ser procurada, deixou de ir aos estádios. É preciso saber a hora de parar. Pendurou as chuteiras daquele encanto, no ano em que seu clube, depois de um longo tempo venceu o campeonato. Vendo da janela, Geraldo foi sendo tomado por toda aquela alegria, os gritos, as músicas, os hinos, as faixas de campeão, a euforia.
Num final de tarde da mesma semana, sob o céu recortado por bandeirolas e sentindo o coração feito um mosaico, foi capaz de entender: as paixões, essas invencíveis, são o lance mais lindo do mundo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Antes passava o trem, depois virou uma feira e agora ninguém sabia bem o que. Mas era ali que Jamário gostava de sentar. Até aquele Sábado, quando lhe perguntavam o que estava fazendo com as pernas balançando para o infinito e os olhos que acompanhavam a pernas, o garoto não exitava em responder: nada. Plantado ali naquele ex-trilho, Jamário sentia-se à vontade o suficiente para simplesmente contemplar.
Quarta, passavam umas moças levando as compras encomendadas por suas mães. Esse vento de hoje, se ele tivesse sorte, inclusive, teria acontecido num dia de feira, pra que os vestidos, menos envergonhados, bailassem no ar, e os olhos de Jamário, sem perguntar nada, pudessem distrair-se em novas curiosidades. Na Segunda, passavam carregamentos de um lado a outro e o cheiro forte de peixe que ficava no ar, fazia com que todos se perguntassem o porque de o garoto permanecer inabalável na sua fortaleza invisível. Aos Domingos, por ocasião de estar bem afortunado , passava uma cocadeira que sempre deixava - ou fazia deixar - cair uma ou duas das suas delícias. De modo que os Sábados eram, de fato,  os dias mais surpreendentes. Passavam mulas vazias, cabeças cheias, pessoas carregadas, vendedores de doces, de amarguras, de saudades e dessas enciclopédias que quase ninguém podia comprar. Nos sábados mais divertidos, passava uma banda, dois ou três casais de namorados e uma cigana, que lia na mão do garoto um futuro imprevisível. Uma vez, e nisso ninguém acredita, passou por ali Mercedes a dançarina mais famosa da região, mas era muito cedo, de tal maneira que somente Jamário viu pra poder contar.
O que o garoto encontrou no horizonte naquele dia, não poderia prever. As pessoas continuaram perguntando o porque daquele interesse pelos trilhos, mas naquele sábado, somente ele, soube melhor do que nunca. Depois daquele dia, quando lhe perguntavam o que fazia sentado no nada, ele respondia sem mais: tudo. E sorria por dentro. Sorria por saber que desde que esbarrara com aqueles olhos aflitos por tudo e por nada, com aqueles cabelos longos e sempre bem penteados, com aquele sorriso que se escondia e só escapulia aos sábados, tudo o que Jamário pôde fazer foi pensar nela. Por não se sabe quantos dias, nem por quantos trilhos, pensou somente nisso, até que de repente - dizem que num sábado - o amor passou depressa pelos trilhos do rapaz. Ele, bobo nem nada, saiu correndo com os olhos vidrados. Nem teve tempo de calçar a sandália.



( para uma fotografia de Débora Fernandes que me fez esquecer das sandálias .)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Por não mais que dez minutos, tratou-se de uma palestra da filha do nosso Che. Depois disso, o que se ouviu - pra quem foi capaz de ouvir - foi uma linda demonstração de amor de uma cubana para com o seu povo. De arrepiar os braços. Sim, porque todos os outros pêlos, todos os outros centímetros da existência de quem esteve ali - e foi capaz- arrepiou-se com o que viria a seguir. No fim, não passava de um ser humano. Um ser humano apaixonado por todos os povos carentes de olhares.
Piscava os olhos lentamente como se estivesse dividida entre as histórias de dentro das pálpebras, e os corações atentos do lado de fora. Éramos todos "chicos", como ela diria. Todos crescendo com o calor que saía de suas palavras e das suas graças bem colocadas. Ela, filha do Che. Nossa esperança, filha dos dois. Naquela manhã, ninguém foi capaz de voltar pra casa sem sentir-se um pouco mais latino. E como nos houvera dito seu pai, estivemos todos essencialmente humanos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Acorda cedo
Não tem café
Me dá um medo
Cadê você ?
Saiu correndo
Sem me beijar
A água fervendo !
Vai se atrasar
O telefone
Alguém atende
Ninguém repara
Alguém atende !
O toque pára
E o café ?

Calça o sapato
Sem nem olhar
Cadê as chaves ?
Vai se atrasar
Engrena o carro
Cadê a pasta ?
Derruba um jarro
Cadê a pasta ?
Encontra a pasta
Saiu correndo
Não vai dar tempo
Põe a primeira
Não vai dar tempo
Põe-se a correr
Praquê sinal ?
Praquê pedestre ?
Praquê farol ?

Xinga o cachorro
Solta a buzina
Encara a velha
Cospe a menina
Fura o sinal
Chega no horário
Senta depressa
Caiu a pasta
Tudo se espalha
Já nem respira
Já só trabalha
Só Trabalha
Trabalha
Trabalha
Trabalha

Volta pra casa
De mal humor
Pra que sinal ?
Pra que pedestre ?
Pra que farol?
Fura o Sinal
e a menina ?
e o cachorro ?
de novo
de novo
de novo

Chegou em casa
Já foi dormir
Água fervendo
Praquê café ?
Amanhã cedo
Já está de pé
Mas como pôde ?
Já foi deitar
Sem dar notícias
Sem me beijar
Me dá um medo
Cadê você ?

O telefone
Já nem ouviu
Nem ouviu as sirenes
Nem os poemas
Nem as juras de amor
Nem fomos ao cinema

E aqueles dez filhos
Deixados pra lá
Um noite dessas
Virão apagar a luz
Pra lhe ver dormir
Sem eles
Sem me beijar
Sem mim
Sem brilho
Sem nada
Com pressa
Com a pasta
Com a roupa do corpo
Sem brilho, nem nada.

Numa manhã dessas
De Agosto
-ou será Setembro ?-
O Amor, esse pontualíssimo
Pôr-do-sol
Virá lhe mostrar
Com quantos atrasos
Com quantos não-congressos
Com quantas não-buzinas
Com quantas não-correrias
Se faz uma canoa
Pra navegar( sem pressa)
Pelo a-mar da vida.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Só então foi capaz de entender que se tratava de um tipo demasiadamente incomum. Muito menos pelo penteado desajeitado ou pelas roupas descombinadas, mas por algo no olhar, na respiração descontrolada, no amor desmedido. Estivera ouvindo isso por toda sua vida. Os vizinhos comentavam, a professora notava, o jardineiro do bairro advertia: tratava-se de um tipo demasiadamente incomum. Quando Eduardo Santa Cruz deitou-se pela primeira vez com aquela mulher, o mundo inteiro pôde dar-se conta, pelo cheiro de pitanga que emendou-se no ar, ou pela leveza que os objetos tomaram naquele momento, que era algo inédito para os entediados olhos do mundo. A camisa mal abotoada, deixava os botões e os parafusos soltos. Por mais de uma vez viu-se assobiando músicas misturadas, esbarrando-se em mesas improváveis, inventando palavras indizíveis, argumentando, em vão, contra dissabores.
Era impossível medir seus batimentos cardíacos. Da primeira vez em que foi levado a um médico, diagnosticou-se: hipertenso. Da segunda: hipertenso. E da terceira, da quarta. Não havia tratamento que resolvesse. O coração de Santa Cruz parecia fora de controle, e houve quem dissesse que suas batidas podiam ser notadas até mesmo num fio de cabelo. Somente quando deitou-se com aquela mulher, o diagnóstico se fez preciso: tratava-se de um hiperamante. Um hiperamante de tipo demasiadamente incomum.
Por mais de uma tarde, Santa Cruz esteve com o olhar pousado sobre aquela mulher esperando contagiá-la com o seu amor, com seus batimentos ou com suas vontades. Nunca foi capaz. Fôra sempre um homem de despaixões. O jeito como movia as pálpebras tão atento ao nada, ou como encostava-se no balcão do café, como quem apoia a própria alma nos cotovelos, eram demasiadamente incomuns para torná-lo desejado.   Desde o dia em que, da janela, aquela mulher não correspondera aos seus olhares, aos seus pedidos, Santa Cruz entedera que seria sempre assim. Passou a procurá-la desenfreadamente em outras janelas, em outros lençóis, e tudo o que encontrou foram novas despaixões.
No dia em que finalmente, por sorte, ou depois de ter inventado todo tipo de  rezas fortes , aquela mulher cansou-se de tipos demasiadamente comuns, ou simplesmente porque Deus, um tipo demasiadamente bondoso, fez com que seu olhar se atirasse nas redes de Eduardo, o mundo girou ao contrário. Santa Cruz também. Daquele dia em diante, viu seus medos mais de perto, o cabelo assanhou-se ainda mais e tudo o que era certeza, se aduvidou. Pôde enfim perceber que que se tratava, definitivamente, de um tipo demasiadamente incomum e não podia esperar daquela mulher um amor com aquelas vestimentas. Há quem diga, sem nenhuma dúvida, que a partir de então o mundo tem se perguntado onde guardar todo aquele sentimento. Os mais radicais arriscam que os tribunais supremos das sentimentalidades já transmitiram esse, para um caso intergalático por ocasião de a Terra não comportar tantas cores. Sobre o que ninguém, nem Deus, pôde ensaiar desconcordância, trata-se de um amor demasiadamente amor.