Antes passava o trem, depois virou uma feira e agora ninguém sabia bem o que. Mas era ali que Jamário gostava de sentar. Até aquele Sábado, quando lhe perguntavam o que estava fazendo com as pernas balançando para o infinito e os olhos que acompanhavam a pernas, o garoto não exitava em responder: nada. Plantado ali naquele ex-trilho, Jamário sentia-se à vontade o suficiente para simplesmente contemplar.
Quarta, passavam umas moças levando as compras encomendadas por suas mães. Esse vento de hoje, se ele tivesse sorte, inclusive, teria acontecido num dia de feira, pra que os vestidos, menos envergonhados, bailassem no ar, e os olhos de Jamário, sem perguntar nada, pudessem distrair-se em novas curiosidades. Na Segunda, passavam carregamentos de um lado a outro e o cheiro forte de peixe que ficava no ar, fazia com que todos se perguntassem o porque de o garoto permanecer inabalável na sua fortaleza invisível. Aos Domingos, por ocasião de estar bem afortunado , passava uma cocadeira que sempre deixava - ou fazia deixar - cair uma ou duas das suas delícias. De modo que os Sábados eram, de fato, os dias mais surpreendentes. Passavam mulas vazias, cabeças cheias, pessoas carregadas, vendedores de doces, de amarguras, de saudades e dessas enciclopédias que quase ninguém podia comprar. Nos sábados mais divertidos, passava uma banda, dois ou três casais de namorados e uma cigana, que lia na mão do garoto um futuro imprevisível. Uma vez, e nisso ninguém acredita, passou por ali Mercedes a dançarina mais famosa da região, mas era muito cedo, de tal maneira que somente Jamário viu pra poder contar.
Quarta, passavam umas moças levando as compras encomendadas por suas mães. Esse vento de hoje, se ele tivesse sorte, inclusive, teria acontecido num dia de feira, pra que os vestidos, menos envergonhados, bailassem no ar, e os olhos de Jamário, sem perguntar nada, pudessem distrair-se em novas curiosidades. Na Segunda, passavam carregamentos de um lado a outro e o cheiro forte de peixe que ficava no ar, fazia com que todos se perguntassem o porque de o garoto permanecer inabalável na sua fortaleza invisível. Aos Domingos, por ocasião de estar bem afortunado , passava uma cocadeira que sempre deixava - ou fazia deixar - cair uma ou duas das suas delícias. De modo que os Sábados eram, de fato, os dias mais surpreendentes. Passavam mulas vazias, cabeças cheias, pessoas carregadas, vendedores de doces, de amarguras, de saudades e dessas enciclopédias que quase ninguém podia comprar. Nos sábados mais divertidos, passava uma banda, dois ou três casais de namorados e uma cigana, que lia na mão do garoto um futuro imprevisível. Uma vez, e nisso ninguém acredita, passou por ali Mercedes a dançarina mais famosa da região, mas era muito cedo, de tal maneira que somente Jamário viu pra poder contar.
O que o garoto encontrou no horizonte naquele dia, não poderia prever. As pessoas continuaram perguntando o porque daquele interesse pelos trilhos, mas naquele sábado, somente ele, soube melhor do que nunca. Depois daquele dia, quando lhe perguntavam o que fazia sentado no nada, ele respondia sem mais: tudo. E sorria por dentro. Sorria por saber que desde que esbarrara com aqueles olhos aflitos por tudo e por nada, com aqueles cabelos longos e sempre bem penteados, com aquele sorriso que se escondia e só escapulia aos sábados, tudo o que Jamário pôde fazer foi pensar nela. Por não se sabe quantos dias, nem por quantos trilhos, pensou somente nisso, até que de repente - dizem que num sábado - o amor passou depressa pelos trilhos do rapaz. Ele, bobo nem nada, saiu correndo com os olhos vidrados. Nem teve tempo de calçar a sandália.
( para uma fotografia de Débora Fernandes que me fez esquecer das sandálias .)
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