quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ninguém se acostuma a essas sentimentalidades. Você saiu por aquela porta e me deixou com a boca seca. Faz uma semana que eu não assovio Jobim. Faz uma semana que eu tenho buzinado para as gentilezas no trânsito. Eu tenho tido pressa. Pressa de lhe esquecer.
Quando você entrou por aquela porta, a minha existência era seca. Você plantou em mim frases e versos que me fizeram acreditar nas cores. Agora, quando a minha boca vai secando junto com tudo mais que me rodeia, eu ainda sou capaz de ver a lua se atirar em minha janela. O meu amor não precisa de você. Eu é que preciso. Quando eu finalmente entendi os casamentos duradouros, entendi também as separações dolorosas.
Tudo o que você me disser agora vai parecer um bilhete na porta da geladeira. Vai parecer um telefonema distante, ou um presente mandado como pedido de desculpas. Você não me deve desculpas. Na minha alma, um tanto desbotada, sopra um vento frio que nem a saudade. Eu me cubro. Me cubro de esperanças pra saber que o nosso amor foi só um pedaço do bolo.E dentro em pouco, meu bem, eu já não estarei escrevendo sobre você no meu caderno, ou sentindo o seu vazio na minha mesa.
O Mesmo amor que arrancou você daqui, há de trazer novas embracações. Por hora, estou triste. Mas , de algum modo, sinto um desejo de me envolver de novo, e de lhe esquecer de novo, e de me vestir de verde novamente pra impressionar alguém. Quem será que virá me buscar dessa vez ? Quem irá novamente roubar meus suspiros, e quem me fará escrever freneticamente sobre bobagens vividas intensamente ? Agora, benzinho, eu tenho tanto desejo de viajar que o amor é meu ponto de partida.

Um comentário:

maria e as baleias disse...

todos os amores são, no fundo, iguais ou você me fez uma autópsia?
;*