- Você sabe da tesourinha ?
E ela continuava falando. Eu que ja admitia o dom de nao ouvir essas falas, e responder àquela cacetada de perguntas que nunca chegariam a lugar nenhum, e que ela continuava achando que serviam para uma boa convivencia, insisti na pergunta.
- Você sabe da tesoura de unhas ?
E ela continuava falando. ME dei conta de que ela nao sabia da tesourinha e me coloquei a procurar. Na verdade ela nao sabia da tesoura, e nao sabia de muito mais coisas. Como quase ninguem sabe, mas me preocupava o fato de toda essa ignorancia ter sempre atravancado o meu caminho. E eu já contava nos dedos a chance de passar adiante dalí. E não que eu soubesse das coisas que ela nao sabia. Em muitas, nao sabiamos ambos. Mas há outras que devem ser entendidas, que devem ser buscadas e que devem ser respeitadas.
A tesourinha estava atrás do porta-retratos. Fiquei olhando, sem olhar, para ele e pensando na minha vida. Eu nunca saí por aí falando de liberdade desse tipo. Dessa liberdade de sair de casa. Essa liberdade que levou grandes amigos meus a entrarem na universidade em cursos que pura e simplesmente dão dinheiro. Eu não. Havia quem profetizasse para mim, uma morte por inanição. Mas eu pouco me importei durante todo esse tempo. Na verdade, eu sempre sustentei a crença de que eu seria capaz de criar um mundo no qual habitassem unicamente as pessoas convidadas por mim. VIm descobrindo que há pessoas para atravancarem o seu caminho.
Ia começando a cortar a unha quando passei a pensar em felicidade. Eu vinha de uma semana feliz. Chegar nesse mundo real, nessa coisa de sempre, me parecia uma contradição. A felicidade, deve mesmo ser uma coisa de momento. Isso que passa num vapt-vupt, e que chega na com um pouquinho mais de aviso. Então eu entendí que eu vivia alguns mundos. E esses mundos, sao criados nao por mim, mas pelas pessoas que permanecem neles. As pessoas, as sensações, as cores, a movimentação das coisas, a presença ou ausencia de determinados sentimentos. Nesse em que estou agora e escrevendo, a felicidade tem acesso restrito. Parece que nao gosta muito do lugar. No que eu estive a pouco, ela fica quase sempre. E ela fica por que ela está. E ela está por que nao depende do lugar, nem do humor desse ou daquele, disso ou daquilo, depende unicamente da presença do amor. Há de se amar alguma coisa pra ir ganahando a felicidade. Nesse meu mundo de agora há também menos amor.
Cortando a unha do dedão do pé, me lembrei das coisas que ela nao sabia. Ela nao sabia da felicidade, e muito menos do amor. Eu que tentava saber dessas coisas, estava certo de que nao sabia cortar minhas proprias unhas...
E ela continuava falando. Eu que ja admitia o dom de nao ouvir essas falas, e responder àquela cacetada de perguntas que nunca chegariam a lugar nenhum, e que ela continuava achando que serviam para uma boa convivencia, insisti na pergunta.
- Você sabe da tesoura de unhas ?
E ela continuava falando. ME dei conta de que ela nao sabia da tesourinha e me coloquei a procurar. Na verdade ela nao sabia da tesoura, e nao sabia de muito mais coisas. Como quase ninguem sabe, mas me preocupava o fato de toda essa ignorancia ter sempre atravancado o meu caminho. E eu já contava nos dedos a chance de passar adiante dalí. E não que eu soubesse das coisas que ela nao sabia. Em muitas, nao sabiamos ambos. Mas há outras que devem ser entendidas, que devem ser buscadas e que devem ser respeitadas.
A tesourinha estava atrás do porta-retratos. Fiquei olhando, sem olhar, para ele e pensando na minha vida. Eu nunca saí por aí falando de liberdade desse tipo. Dessa liberdade de sair de casa. Essa liberdade que levou grandes amigos meus a entrarem na universidade em cursos que pura e simplesmente dão dinheiro. Eu não. Havia quem profetizasse para mim, uma morte por inanição. Mas eu pouco me importei durante todo esse tempo. Na verdade, eu sempre sustentei a crença de que eu seria capaz de criar um mundo no qual habitassem unicamente as pessoas convidadas por mim. VIm descobrindo que há pessoas para atravancarem o seu caminho.
Ia começando a cortar a unha quando passei a pensar em felicidade. Eu vinha de uma semana feliz. Chegar nesse mundo real, nessa coisa de sempre, me parecia uma contradição. A felicidade, deve mesmo ser uma coisa de momento. Isso que passa num vapt-vupt, e que chega na com um pouquinho mais de aviso. Então eu entendí que eu vivia alguns mundos. E esses mundos, sao criados nao por mim, mas pelas pessoas que permanecem neles. As pessoas, as sensações, as cores, a movimentação das coisas, a presença ou ausencia de determinados sentimentos. Nesse em que estou agora e escrevendo, a felicidade tem acesso restrito. Parece que nao gosta muito do lugar. No que eu estive a pouco, ela fica quase sempre. E ela fica por que ela está. E ela está por que nao depende do lugar, nem do humor desse ou daquele, disso ou daquilo, depende unicamente da presença do amor. Há de se amar alguma coisa pra ir ganahando a felicidade. Nesse meu mundo de agora há também menos amor.
Cortando a unha do dedão do pé, me lembrei das coisas que ela nao sabia. Ela nao sabia da felicidade, e muito menos do amor. Eu que tentava saber dessas coisas, estava certo de que nao sabia cortar minhas proprias unhas...
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