sábado, 29 de agosto de 2009

Encontrara Cecília num livro de Gabriel Garcia. Imaginou seus olhos cor-de-lua, e sentiu-se anoitecido. Pensou no seu cabelo cor-de-mel, e sentiu-se adocicado. Quando o vento balançava os cabelos de Cecília, sabia-se encaracolado. Pregou no mural do seu pensamento frases e cores que diria para a moça, caso a encontrasse. Continuou procurando. Em cada página do livro,em cada livro.
Augusto estava errado. Os olhos da moça não eram cor-de-lua. Os olhos de Cecília tinham todas as cores do cinema. Mudavam de acordo com a estação do ano, com a fase da lua,de acordo com a cor do vestido, e combinavam com qualquer bolsa e qualquer sapato. O cabelo de Cecília, não era Encaracolado. Tinha o formato de qualquer ritmo, de modo que, ondulavam-se na Rumba, alisavam-se na valsa, encaracolavam-se no baião, e divertiam-se no samba.  Acontece que Augusto não ficaria sabendo de nada disso, não fossem pelas fotografias.
Quando viu pela primeira vez uma foto da moça, sentiu-se em preto e branco. Foi invadido por micro-flashs de emoções,e foi capturado por uma rede de foto-euforias. Na fotografia, Cecília era capaz de se movimentar, de ir e vir, de ser e de estar na imaginação do rapaz. Cecília teve mil e um amores, e mil e um amantes fotogênicos como ela, sem saber, nem de perto, que lá estava Augusto a ser capturado por cada click da sua máquina.
Diante das fotos da moça, era sempre meio dia no coração de Augusto.
Nunca souberam um do outro. Nunca se viram pessoalmente. A voz de Cecília, pousou nos pensamentos do rapaz por muitas e muitas tardes.
Dizem que impressionando-se, sem impressionar, fotografando-se por fotografias, e embralhando-se nas redes de sorrios e olhares fotográficos, Augusto inventou as primeiras moléculas de um amor à primeira vista.

2 comentários:

maria e as baleias disse...

seria fermina daza?
;*

Lucas Duarte disse...

Seriam as Ferminas Dazas. Todas elas.

;)